Rafaela Roque, aluna do mestrado em Genética Molecular da Escola de Ciências da UMinho (ECUM) recebeu um prémio de melhor apresentação no V Congresso Internacional da Sociedade Portuguesa de Genética (IMPSG).
O encontro decorreu nos dias 7 e 8 de outubro, no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), no Porto e juntou dezenas de investigadores de várias áreas como Biotecnologia, Genética Microbiana, Genética Humana e Biomedicina e Genética Animal e Vegetal.
Aos 22 anos, Raquel Roque, natural de Guimarães fala sobre o projeto em que está a trabalhar na Escola de Ciências e no que a apaixona.
Qual foi o prémio que recebeste?
Submeti o resumo do projeto em que estamos a trabalhar intitulado “Explorando e caracterizando microbiomas mesofóticos para aplicações sustentáveis” ao V Congresso Internacional da Sociedade Portuguesa da Genética (IMPSG), que se realizou nos dias 7 e 8 de outubro, no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), no Porto. Aceitaram como palestra curta e consideraram a melhor apresentação.
E em que consiste o trabalho que estão a desenvolver?
O trabalho que estamos a desenvolver há mais de um ano permitiu explorar zonas mesofóticas (zonas marinhas encontradas geralmente entre os 30 e os 150 metros de profundidade), muito afetadas pelas alterações climáticas ou pela intervenção humana com ações de pesca intensiva ou poluição. São locais que servem de refúgio a muitas espécies da fauna e da flora e por isso são ambientes sensíveis.
Interessa-nos explorar a biodiversidade destes locais, na zona de Viana do Castelo, porque estes microrganismos têm que se adaptar às alterações ambientais. Estamos a estudar as comunidades microbianas que aparecem nos sedimentos. Fazemos as campanhas no mar, trazemos os sedimentos para o laboratório, extraímos o DNA, sequenciamos e identificamos. Fazemos o isolamento de algumas bactérias com potencial biotecnológico, ou seja, que produzam compostos que podem ser implementados na indústria, como biopolímeros, pigmentos com ações microbianas, bactérias que potencialmente degradam o micro plástico, entre outros. Este foi o primeiro rastreio, mas queremos fazer outro automatizado, com um sistema robótico.
E como é que surgiu o interesse por esta área em particular?
Nunca tive ambição de seguir investigação. Nem sabia o que era! Quando entrei na universidade escolhi bioquímica, mas não tinha esse objetivo. Fui às aulas do professor Pedro Santos e comecei a interessar-me por Genética Molecular. Tive oportunidade de fazer um estágio extracurricular no laboratório do professor, na licenciatura. Seguiu-se o projeto da licenciatura e depois o mestrado. Continuei no projeto e agora gostava de seguir a carreira de investigação, inspirada pelo trabalho do professor.
Eu gosto de muita coisa, mas o mar sempre me fascinou, até porque comecei cedo a fazer natação, gosto muito da praia, do mar, da piscina. Este projeto deu-me ainda mais motivação, porque as saídas ao mar são fascinantes. Fascina-me a área da Biotecnologia e agrada-me conciliar o estudo marinho com a prospeção microbiana para aplicações na Biotecnologia.
Qual a importância do prémio?
Foi um reconhecimento da comunidade científica ao que estamos a fazer. Estava nervosa, mas correu bem. É um tema inovador. Há poucos estudos nesta área.